Diretora de Previdência da Sinqia, Renata Coutinho é formada em Ciência da Computação pela Universidade Federal Fluminense e possui MBA em Economia e Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. A executiva atuou em diversos cargos no banco Itaú e foi CEO do Itaú Soluções Previdenciárias, adquirida pela Sinqia em 2021.   

Com vasta experiência no setor, Renata iniciou a sua carreira na Sinqia em fevereiro de 2021 e atualmente é responsável por toda a unidade de negócios de Previdência da empresa.

Em entrevista para o blog, a executiva opina sobre as intensas mudanças regulatórias no setor previdenciário, assim como os desafios do segmento na comunicação e captação de novos clientes. Confira:

Como a Sinqia está se adaptando às mudanças regulatórias recentes que afetam o setor de previdência?

As questões regulatórias, de forma geral, neste ano foram um tanto atípicas. Houve uma  mudança na liderança da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) e essa nova gestão tem como objetivo simplificar as normas do segmento. 

Considero isso um movimento positivo, porém, nós como fornecedores, investimos uma série de horas em projetos de obrigações acessórias que foram descontinuadas e estão caindo em desuso.

Por isso, estamos em uma fase de revisar nosso planejamento estratégico considerando essa nova diretriz da Previc, que adota uma postura positiva para o segmento, mas nos coloca na posição de repensar nossas prioridades. 

Apesar dessas regulamentações que caíram em desuso, neste ano, duas novas normas importantes se efetivaram. Uma delas é o CNPJ por Plano, que começou a vigorar no meio deste ano. A outra é a EFD-Reinf, que entrou em vigor agora em setembro, afetando não apenas o setor de previdência, mas também outros segmentos.

A EFD-Reinf é uma lei que demanda muito do nosso trabalho operacional, assim como dos nossos clientes. A perspectiva dessa norma é substituir outra obrigação legal, feita anualmente, tornando a obrigação mensal. Além da inclusão de diversas novas informações que implica em uma quantidade de dados infinitamente maior.

Projetos relacionados a essas mudanças estão sendo finalizados este ano e estão gerando alguns desafios para as entidades. Estamos passando por um período bastante agitado.

Você considera este o principal desafio do setor atualmente?

Não diria que é o maior desafio, pois ele já existe há algum tempo, mas certamente gera um impacto significativo. O CNPJ por Plano, por exemplo, nos levou a ajustar todo o nosso sistema, o que resultou em mudanças operacionais que afetam o dia a dia da entidade.

Na minha opinião, o maior desafio continua sendo a captação e a comunicação com os clientes das entidades. Sabemos que tecnologia é um investimento caro, especialmente para entidades sem fins lucrativos. Além disso, com tantos gastos relacionados a adaptações regulatórias, sobra pouco para investir em novas tecnologias.

Portanto, reforço a importância do movimento de simplificação, pois ele tende a influenciar as prioridades no orçamento das entidades. Afinal, como podemos evoluir no atendimento ao participante quando somos tão demandados pela regulamentação? É necessário encontrar um equilíbrio.

Além da questão do orçamento, quais estratégias você acredita que são importantes para ampliar o acesso à Previdência no Brasil?

Educação financeira previdenciária é essencial. Sabemos que isso não faz parte da cultura brasileira e é o fator que mais impacta na previdência. Muitas pessoas acreditam que o INSS garantirá uma renda futura, mas manter o mesmo padrão de vida na aposentadoria, quando se é um trabalhador ativo, torna-se algo impossível.

O Brasil tem avançado nesse aspecto, mas ainda falta um incentivo maior, inclusive por parte do governo. A forma como aprendemos matemática nas escolas é muito abstrata. Por que não ensiná-la de forma mais prática, demonstrando seu uso na vida real?

As empresas também têm um papel importante nesse ponto. A Sinqia, por exemplo, já realizou alguns eventos de educação financeira e investimentos. Isso deve ser uma obrigação crescente, para que possamos criar uma consciência previdenciária.

Hoje, quando olhamos para a previdência fechada, há apenas 3 milhões de pessoas envolvidas. Isso é muito pouco em relação ao potencial do setor, como vemos em outros países.

Em outras palavras, não adianta chegarmos para um jovem e tentar convencê-lo de que ele precisa investir de forma recorrente para ter um futuro financeiro confortável se ninguém quer falar sobre aposentadoria. Precisamos fazer um trabalho de base, e isso é responsabilidade de toda a sociedade.

Retomando o tema da tecnologia, quais são os usos possíveis da inteligência artificial dentro do setor de Previdência?

A IA desempenha um papel importante em duas áreas: a primeira é a educação. Quanto mais tornarmos a previdência interessante para as pessoas, melhor. Acredito muito na possibilidade de utilizar a IA para criar jogos que sejam atrativos para os clientes, uma abordagem conhecida como “gamificação”. Isso nos permitirá alcançar um público muito mais amplo.

Minha segunda visão sobre a IA é a otimização de processos. Como a operação pode ser aprimorada nas entidades? Muitas tarefas não precisam ser realizadas manualmente. As pessoas devem se concentrar mais em análises do que em tarefas repetitivas.

Portanto, a IA tem um grande potencial para melhorar nosso atendimento, tornar a previdência mais atraente e reduzir custos operacionais.

Um exemplo é o nosso Sinqia GPT, que pode ler um PDF e explicar as regras do plano de previdência. Essa ferramenta está integrada ao nosso sistema. Quando um participante faz perguntas sobre o plano, o Sinqia GPT pode fornecer explicações. Isso substitui o que antes era feito por telefone, através de um chatbot com menos treinamento para atendimento.

Assim, abordamos a causa raiz, que é a educação financeira, e reduzimos os custos operacionais. Com essa economia, podemos oferecer mais investimentos aos próprios participantes.

Acredito firmemente na importância de buscar a modernização constante dos nossos ERPs, incorporando novas tecnologias, como a IA, para oferecer soluções cada vez mais completas e eficazes que resolvam problemas reais do setor.

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